quarta-feira, 3 de junho de 2009

Buscavam algo que não se assemelhasse com qualquer cor escura, seca e retorcida. Buscavam uma flor que não fosse um cacto. Buscavam se afogar em um fim que fosse o início de um começo sem espinhos pontiagudos.

terça-feira, 31 de março de 2009

Na minha vida eu conheci mais pessoas desinteressantes do que ao contrário, mas aquelas poucas e boas eu trago sempre comigo, nunca esquecidas em qualquer parte de mim. A mais recente delas mexeu muito comigo. Eu costumo dizer que ela era mais do que interessante, era uma pessoa única, definitivamente singular. Foi daquelas que encanta a gente com cada palavra, mesmo que seja a palavra mais estúpida e importuna. Era uma figura única, instigante, que me despertava uma vontade, quase que arrebatadora, de entender como ela funcionava. É, funcionar parece uma palavra um tanto quanto agressiva, algo como uma máquina, desprovida do menor sentimento. Mas pensando por outro lado, ele era quase que uma máquina. Ele era a maior invenção de todos os tempos. Uma máquina mais valiosa que aquela que ejeta vapor. Era um tipo inventado sem um manual de instrução, que me fazia quebrar a cabeça para entender e criar um manual escrito com base em pistas que ele perdia por descuido. Ele era um tipo desinteressante aos outros que me interessava muito. Passado algum tempo de convivência diária, para minha felicidade eu consegui entender um milésimo daquela peça. Ela começava a se apresentar de maneira diferente, sempre presente, solicito, que me deixava mais ainda embebida naquele mistério. Eu lembro que eu costumava dizer que ele era perfeito e ele insistia em contradizer a minha fala, se julgando comum, qualificado com uma lista de defeitos. Um dia em uma de nossas brigas eu disse à ele algo de ruim, algo que lhe fizera perder o chão. Algo que finalizava todos os porquês de nossas discussões, sendo quase como uma “cereja” que finaliza um bolo. Nesse dia ele se chateou, por perceber que eu não o via mais como alguém perfeito. Ele tinha se tornado um simples mortal provido de imperfeições. O que ele não tinha percebido é que justamente por ele ter se tornado tão comum, mas nunca previsível, que ele saltou de um plano utópico para um mais plausível. Ele foi para um mundo em que eu pude sair da posição de mera contempladora e passar para o estágio de realizadora de vontades.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O que é Ideologia

Algumas dúvidas antes latentes puderam ser sanadas, por meio da metodologia abordada pela autora do livro. Ela faz uso de inúmeros exemplos, abordando concepções diferentes de vários autores de importante notoriedade intelectual e cita alguns de seus respectivos textos e teorias a respeito do tema.
A autora opta por desmistificar algumas definições sobre ideologia, dizendo que esta não é sinônimo de subjetividade oposta à objetividade, que não é pré-conceito nem pré-noção, mas sim um fato social, por ser produzida pelas relações sociais entre os homens, não sendo esta um aglutinado de idéias. Resumidamente seria uma elaboração de idéias pela sociedade, mais especificadamente, elas são determinadas das relações sociais.
Ao defender essa concepção a autora acaba por se identificar com o conceito de ideologia de Karl Marx que a considerava como um instrumento de dominação que atua por meio de convencimento, através do alienamento da consciência humana, camuflando a realidade.
O ópio da consciência humana advém da divisão do trabalho intelectual e manual. Esse repartimento confronta dois lados, o primeiro detentor do saber, que através de idéias formuladas por ele mesmo domina o lado portador da força braçal. O lado dominante sintetiza idéias não compatíveis com as reais condições, como uma forma de convencer os dominados de que o sistema imposto é igualitário e honesto, segundo aquilo que promete.
É importante ressaltar que esse conceito não se aplica somente para o sistema descrito, no caso o capitalismo, mas sim num âmbito geral acaba por englobar outros sistemas vigentes em instituições que são formadoras de opiniões e têm uns quantos de responsabilidade ao tratar da questão alienamento social, como por exemplo, as igrejas, o Estado, a política, dentre outros, com suas respectivas conveniências ideológicas.
A ideologia é criada pelo grupo social. Existem tantas ideologias quantos forem os grupos sociais, mas aquela que dominará será sempre a do grupo de maior autoridade moral e intelectual. Essas teorias ideológicas são criadas para uma melhor compreensão da forma como a vida social é organizada, pleiteando desde relações do homem com a natureza até com o sobrenatural, mas nunca contendo uma descrição exata do real.
Dessa maneira é importante frisar que essas idealizações são feitas pelos próprios homens, não estando assim fadadas a um determinismo, pois os próprios autores podem substituí-las por outras mais adequadas ou mais convenientes. É possível afirmar que a única solução contra a alucinação da sociedade seria a formulação de uma concepção ideológica que relatasse a realidade tal qual ela se apresenta, com todas as desigualdades e opressões contidas em sua descrição, só assim as classes mais prejudicadas teriam o discernimento de sua real condição e então optariam por uma revolução contra o sistema ou pela simples permanência na obscuridade imposta.