quarta-feira, 25 de março de 2009

O que é Ideologia

Algumas dúvidas antes latentes puderam ser sanadas, por meio da metodologia abordada pela autora do livro. Ela faz uso de inúmeros exemplos, abordando concepções diferentes de vários autores de importante notoriedade intelectual e cita alguns de seus respectivos textos e teorias a respeito do tema.
A autora opta por desmistificar algumas definições sobre ideologia, dizendo que esta não é sinônimo de subjetividade oposta à objetividade, que não é pré-conceito nem pré-noção, mas sim um fato social, por ser produzida pelas relações sociais entre os homens, não sendo esta um aglutinado de idéias. Resumidamente seria uma elaboração de idéias pela sociedade, mais especificadamente, elas são determinadas das relações sociais.
Ao defender essa concepção a autora acaba por se identificar com o conceito de ideologia de Karl Marx que a considerava como um instrumento de dominação que atua por meio de convencimento, através do alienamento da consciência humana, camuflando a realidade.
O ópio da consciência humana advém da divisão do trabalho intelectual e manual. Esse repartimento confronta dois lados, o primeiro detentor do saber, que através de idéias formuladas por ele mesmo domina o lado portador da força braçal. O lado dominante sintetiza idéias não compatíveis com as reais condições, como uma forma de convencer os dominados de que o sistema imposto é igualitário e honesto, segundo aquilo que promete.
É importante ressaltar que esse conceito não se aplica somente para o sistema descrito, no caso o capitalismo, mas sim num âmbito geral acaba por englobar outros sistemas vigentes em instituições que são formadoras de opiniões e têm uns quantos de responsabilidade ao tratar da questão alienamento social, como por exemplo, as igrejas, o Estado, a política, dentre outros, com suas respectivas conveniências ideológicas.
A ideologia é criada pelo grupo social. Existem tantas ideologias quantos forem os grupos sociais, mas aquela que dominará será sempre a do grupo de maior autoridade moral e intelectual. Essas teorias ideológicas são criadas para uma melhor compreensão da forma como a vida social é organizada, pleiteando desde relações do homem com a natureza até com o sobrenatural, mas nunca contendo uma descrição exata do real.
Dessa maneira é importante frisar que essas idealizações são feitas pelos próprios homens, não estando assim fadadas a um determinismo, pois os próprios autores podem substituí-las por outras mais adequadas ou mais convenientes. É possível afirmar que a única solução contra a alucinação da sociedade seria a formulação de uma concepção ideológica que relatasse a realidade tal qual ela se apresenta, com todas as desigualdades e opressões contidas em sua descrição, só assim as classes mais prejudicadas teriam o discernimento de sua real condição e então optariam por uma revolução contra o sistema ou pela simples permanência na obscuridade imposta.

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